Agendas Mobilizadoras vão criar 2 207 novos serviços, produtos ou patentes e 17 894 novos empregos
«Prevê-se que, até 2026, tenhamos 2207 novos serviços, produtos ou patentes, 17 894 novos empregos, dos quais 11 354 altamente qualificados, e que o volume de negócios adicional seja de 3,6 mil milhões de euros», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na apresentação pública dos resultados da segunda fase do concurso das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência, que decorreu no dia 21 de junho, em Lisboa.
António Costa referiu que o júri internacional aprovou 51 consórcios que devem seguir para a fase seguinte de negociação. «As agendas que foram aprovadas preveem 7,6 mil milhões de euros de investimento a concretizar até 31 de dezembro de 2026», com um «apoio público de três mil milhões de euros distribuído entre o investimento das empresas e a investigação e desenvolvimento das instituições científicas».
«Dos três mil milhões, cerca de dois mil milhões são incentivos à investigação e desenvolvimento e destes, 1,1 mil milhões são para entidades do sistema científico e tecnológico», acrescentou.
O Primeiro-Ministro sublinhou que «estamos a concretizar estes projetos, e a robustecer o capital reprodutivo que o sistema científico e tecnológico produz», «a reforçar o conjunto deste sistema para que novos projetos possam vir assurgir no futuro».
Realçando a «a forma transparente, profissional e internacional como este processo decorreu», referiu que «foi garantido ao júri que não faltariam recursos para poder aprovar todas as propostas que considerasse terem validade, relevância e exequibilidade neste calendário apertado» que o PRR tem.
Os 51 consórcios «reúnem 1226 entidades: 933 empresas, 60% das quais pequenas e médias empresas, 111 entidades do sistema de investigação e inovação e associações e direções de clusters e entidades da administração pública» e «cobrem a totalidade do País, com maior concentração nas regiões norte e centro, com três polos industriais particularmente forte em Matosinhos, Setúbal e Sines».
António Costa Três grandes blocos de produtos e serviços: clima, digital e resposta a desafios da sociedade.
Resposta às alterações climáticas
No primeiro bloco, «que tem por agregador o maior desafio com que a humanidade está confrontada, as alterações climáticas», há um primeiro grupo de propostas
«no tema da energia, com duas novas fileiras: a do hidrogénio verde, e das baterias de lítio».
Também nesta área, o segundo grupo é relacionado com «a mudança modal que temos de fazer na mobilidade, com propostas muito diversas: do robustecimento da fileira da ferrovia à fileira das duas rodas, e, pelo meio, projetos de novas viaturas, todas elétricas ou movidas a energias renováveis».
Ainda nesta área, o terceiro grupo é o da «economia circular e aproveitamento das biotecnologias, desde reutilização de plásticos e resíduos industriais à de bio resíduos vários».
Digital e desafios da sociedade
No bloco do digital, o primeiro grupo é «o digital em si próprio», com a inteligência artificial, «para a modernização da Administração Pública e das empresas», vindo depois os videojogos, a, em terceiro, «a aplicação de tecnologias digitais a diferentes fileiras»: condução autónoma, robótica, novas técnicas de produção, e «produção de componentes de semicondutores e microships para a transição digital e energética».
No bloco dos desafios da sociedade, o primeiro grupo é «a valorização de recursos endógenos, da floresta, ao mar, da pedra à agroindústria, com vários projetos concretos, muitos dos quais se cruzam com o objetivo climático ou de maior economia circular, como bio fibras para o têxtil, algas para alimentação, fertilização e cosmética, grande parte delas em territórios de baixa densidade, reforçando a coesão territorial».
O segundo grupo é o da saúde, com «propostas para responder à resistência a antibióticos, injetáveis complexos com criação de uma base industrial integrada e biofármacos inovadores», alguns resultados dos recursos endógenos», e o terceiro grupo, o da «habitação acessível, energeticamente eficiente e de construção mais rápida».
Mudança
O Primeiro-Ministro lembrou que antes, «a traslação do conhecimento entre centros de conhecimento e empresas através da contratação de licenciados, mestres e doutores para as empresas, ia acontecendo». Depois, foram criados «centros tecnológicos nos setores mais tradicionais da indústria portuguesa, porque foram os primeiros que tiveram o impacto de uma crise transformadora».
Todavia o trabalho em conjunto entre centros de conhecimento e empresas «não era e não é, muitas vezes ainda, uma prática transversal quer na vida empresarial quer na académica».
«Quando desenhámos este PRR, tínhamos noção de que esta era um programa excecional, com uma estrutura e uma natureza distinta e uma lógica de execução diferente. Portanto tínhamos mesmo de fazer diferentemente», disse.
As Agendas mobilizadoras «contêm uma obrigação nova: cada consórcio tem de ser composto por entidades do sistema científico e tecnológico e por empresas». Quando as Agendas foram lançadas, «no verão do ano passado, formaram-se 164 consórcios, juntando mais de 3251 entidades».
«Na primeira avaliação passaram 64 consórcios», alguns dos quais se fundiram posteriormente, com projetos que são a prova de que «o otimismo assenta no conhecimento do enorme potencial dos nossos tecido empresarial e sistema científico e tecnológico têm efetivamente», disse, destacando «a dinâmica que existia entre as pessoas que ali estavam, pessoas que pela primeira vez se encontravam e falaram e compreenderam o enorme potencial do que podiam fazer em conjunto».
Base contratual
António Costa afirmou que «o PRR não é uma fantasia abstrata ou sonhos que esperamos realizar um dia, porque ele assenta numa base contratual. Contratámos com a Comissão Europeia que só se cumprirmos certas metas e certos marcos obtemos o financiamento. E o contrato convosco é o mesmo: têm metas e marcos que marcam o financiamento acordado».
O Primeiro-Ministro disse, «aos que não passaram à fase seguinte das Agendas Mobilizadoras», que «há outras oportunidades, desde logo no PRR, na área da transformação digital e da indústria 4.0, da eficiência energética, das novas formas de produção de energia – e muitos destes projetos cabem lá. E no dia 15 de julho iremos assinar o Portugal 2030 com outras oportunidades de investimento».
António Costa referiu que a cerimónia decorreu no Pavilhão do Conhecimento «porque o que mobiliza estas agendas é o conhecimento e a sua transformação e valorização económica; porque aqui assinámos, há um ano, o contrato para o NextGenerationEU em Portugal; e porque há 25 anos nesta zona foi feita a Expo98», de que foi um dos responsáveis.
Expo98
Na Expo98, «aconteceu o que é habitual em Portugal: primeiro, não ia estar pronta a tempo, e ficou pronta a tempo; em segundo, as pessoas não viriam, e as pessoas vieram; e em terceiro, o que ia acontecer após a Expo, se ia ficar tudo abandonado, e hoje é mais de 30 mil habitantes na freguesia do Parque das Nações, mais de 30 mil pessoas que aqui trabalham, milhares de empresas e alguns dos equipamentos mais importantes da cidade e um dos casos de maior sucesso de regeneração urbana de uma velha zona industrial e num dos mais belos espaços da cidade e do mundo», disse.
O Primeiro-Ministro afirmou ainda que é muito importante mostrar bem os projetos das Agendas Mobilizadoras «para a geração que está no ensino secundário e no ensino superior perceber o que é efetivamente possível fazerem de Portugal o país da sua realização» e «decisivo para vencer o ceticismo».
Na sessão, além do Primeiro-Ministro intervieram o Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e o Comissário Europeu para o mercado interno, Thierry Breton, e estiveram presentes os Ministros da Presidência, Mariana Vieira da Silva, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro.